Dia Mundial dos Rios reforça a necessidade do combate à poluição hídrica

A poluição hídrica é responsável pelo desequilíbrio da biodiversidade no planeta, além de afetar diretamente a qualidade da vida humana. Para reverter esse cenário, a despoluição dos rios, aliada às Soluções baseadas na Natureza (SbN), possibilita a segurança hídrica para a população.

Para reforçar o combate à poluição hídrica, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou o Dia Mundial dos Rios, comemorado no último domingo do mês de setembro.

A data reafirma o compromisso com a preservação das águas, bem como a adoção de medidas sustentáveis para a segurança hídrica, que é colocada em risco diante da poluição. Segundo o relatório mundial da ONU sobre o Desenvolvimento de Recursos Hídricos, um terço dos rios do planeta estão em estado avançado de poluição.

No Brasil, segundo levantamento feito pela Fundação SOS Amazônia, menos de 7% dos rios monitorados no bioma têm água de boa qualidade. O relatório apresenta os resultados das coletas mensais realizadas ao longo de todo o ano de 2022, abrangendo 990 análises feitas em 160 pontos localizados em 120 rios e corpos d’água, distribuídos por 74 municípios em 16 estados da região da Mata Atlântica.

Os dados reforçam a urgência da adoção de medidas eficazes e a curto prazo, para que os efeitos do estresse hídrico sejam contidos no futuro. O uso da tecnologia, a partir da avaliação, monitoramento e investimento, podem transformar o cenário de escassez a partir da produção de água, processo tecnológico inspirado na renovação natural dos recursos hídricos.

As Soluções baseadas na Natureza também promovem o compromisso de conscientização. A partir de ações sustentáveis, aplicadas pelo poder público e privado, é possível ensinar à sociedade a extrema importância da sustentabilidade hídrica para qualidade de vida.

A relevância dos rios para a vida na Terra

O potencial hídrico de um rio tem um impacto direto na cultura, economia e história da sociedade. Os cursos de água doce ainda são responsáveis pelo desenvolvimento da população, pois garantem o saneamento, a alimentação e a rentabilidade.

Enquanto a demanda aumenta, devido ao crescimento populacional, os recursos naturais não encontram tempo e ambiente ideal para a sua recuperação. A poluição hídrica, causada pelo descarte incorreto de resíduos sólidos, tanto em nível industrial quanto social, prejudicam não apenas a qualidade da água, mas todo o desenvolvimento da biodiversidade ao redor.

Sem o tratamento adequado, a poluição hídrica avança para as nascentes e mananciais e coloca em risco toda a vegetação do território. As florestas possuem uma relação direta com o ciclo hidrológico que, ao ser contaminado, impacta a biodiversidade e coloca em risco a vida de espécies dependentes de recursos naturais.

A tecnologia no combate à poluição hídrica

Para vencer os desafios da poluição hídrica, o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento de Recursos Hídricos aposta nas soluções sustentáveis. As ações de preservação, alinhadas às Soluções baseadas na Natureza, apresentam resultados eficazes e de baixo impacto ambiental.

Somada ao avanço tecnológico e à pesquisa científica, as soluções conseguem impedir o avanço da poluição e trazer de volta a resiliência natural dos recursos hídricos. Diferente dos processos tradicionais, as soluções sustentáveis apresentam fácil aplicação e baixo custo, tornando-se economicamente mais acessível que as técnicas tradicionais.

Um exemplo de solução de fácil acesso foi identificado pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da Universidade de São Paulo (USP). O estudo revela que o pó extraído das cascas de banana trituradas consegue controlar a poluição hídrica em regiões com intensa prática agrícola. A matéria extraída da fruta apresenta grande capacidade de absorção de pesticidas, além de reter metais pesados e compostos orgânicos.

Em Nova York, a Universidade de Buffalo criou uma alternativa sustentável para a filtragem, utilizando uma lente solar. A partir do aquecimento da água pela luz do sol, a técnica permite que se crie uma temperatura ideal para a filtragem, capaz de remover 99,9% das impurezas. A lente solar é uma alternativa prática e de fácil aplicação, que pode garantir água potável para comunidades mais carentes.

Os jardins flutuantes – conhecidos como ilhas artificiais – também são técnicas sustentáveis para a despoluição. A sua estrutura é feita de tubos de metais, que sustentam diversas plantas aquáticas, responsáveis pela filtragem de materiais poluentes.

A tecnologia já foi aplicada nas Filipinas e nos Estados Unidos, transformando a água de canais com alta poluição hídrica. No Brasil, a comunidade de Iputinga, no Recife, conseguiu aplicar os jardins flutuantes no Riacho do Cavouco, um afluente do Rio Capibaribe. O resultado chegou a 96% de despoluição, a partir de um processo natural e de baixo impacto ao meio ambiente. Promover as Soluções baseadas na Natureza para o combate à poluição hídrica é um convite à população para conhecer a resiliência dos recursos naturais. A partir de processos orgânicos e ecológicos, reconhecemos a potência de vida e desenvolvimento sustentável existente nos rios.